O Fado fez-se ouvir em Paderborn em mais uma noite de Fado memorável

O grupo de Fado Gerações e a fadista Teresa Tapadas trouxeram o Fado até à Kulturwerkstatt em Paderborn no âmbito da 22.ª Noite de Fado, organizada pelos Lusitanos de Paderborn e.V.

No passado sábado, 9 de novembro, Paderborn foi palco de mais uma magnífica e memorável noite de Fado que trouxe Portugal até à Kulturwerkstatt desta cidade, numa noite mais uma vez dinamizada pelos Lusitanos de Paderborn e.V.
Esta foi mais uma ocasião em que muitos dos alemães e dos portugueses presentes neste evento tiveram a oportunidade de provar algumas das iguarias da cozinha tradicional portuguesa e de ouvir cantar e de cantar Fado, aquele que foi classificado pela Unesco, como património imaterial da humanidade e que nesta noite foi tão bem interpretado pelo grupo Gerações e por Teresa Tapadas, e em que os presentes ainda puderam ouvir tocar concertina por três jovens portugueses.
O grupo de Fado Gerações, que foi fundado por portugueses residentes na Alemanha, e que existe há 15 anos, voltou a encantar os presentes através da magnífica voz de Elisabete Ferreira e com o seu repertório variado que muito agradou a todo o público luso-alemão presente. Este grupo sofreu algumas alterações nos elementos que o compõem desde que foi criado, sendo agora composto por Elisabete Ferreira (voz), que curiosamente quando entrou para o grupo nunca tinha cantado Fado, Miguel Ruas (viola), Vítor Fonseca (viola baixo) e Ivo Guedes (guitarra portuguesa)
Teresa Tapadas, a fadista convidada de Portugal, iniciou a sua carreira no final de 1994 e é considerada por muitos “uma das melhores vozes da nova geração fadista”. Tem vindo a marcar presença na televisão e na rádio portuguesas através das suas magníficas interpretações do Fado num timbre cristalino e na sua voz afinada, que transmitem verdade e paixão, tendo-os transmitido ao público luso-alemão presente na Kulturwerkstatt em Paderborn.

O jornal da comunidade portuguesa Correio Luso acompanhou e fez a cobertura deste evento, tendo tido a oportunidade de dialogar com diversas pessoas.

Para Artur Domingues, dos Lusitanos de Paderborn e.V., esta foi mais uma noite de sucesso, uma vez que mais de 300 pessoas assistiram a esta Noite de Fado. Um balanço ainda mais positivo, quando comparado com o ano anterior em que cerca de 250 pessoas assistiram à Noite de Fado na Kulturwerkstatt, salientando-se ainda o facto de que começam a comparecer cada vez mais jovens. Estes balanços sucessivos muito positivos fazem com que Artur Domingues considere este um trabalho voluntário muito gratificante. Os Lusitanos de Paderborn e.V., existentes há cerca de duas décadas, são no fundo uma associação de várias famílias de portugueses que amadureceram juntas e que dinamizam estas noites e participam em diversas atividades para divulgarem a língua e cultura portuguesas.
No que concerne o critério para a seleção dos fadistas convidados, Artur Domingues considera que é de primordial importância conhecê-los, vê-los e avaliar a qualidade musical, reconhecendo “uma outra qualidade em todos os fadistas que passaram por Paderborn, que é a palavra”, sendo esta a forma como se “selam os contratos”. Para Artur Domingues, seria gratificante se surgisse um jovem fadista entre os jovens portugueses residentes na Alemanha.
Foi com muito orgulho que afirmou que havia muitos alemães presentes na sala e que quando perguntou aos presentes se já tinham estado em Portugal, “foram muitas as mãos que se ergueram, o que demonstra que gostam de Portugal e do que é português e enriquecem o nosso país e divulgam a nossa cultura”. Para além de elogiar as fadistas e todos os músicos presentes, Artur Domingues, extremamente orgulhoso realçou o talento de Ivo Guedes, um jovem português que considera “dos melhores guitarristas de guitarra portuguesa”. Por fim ainda agradeceu a todos os patrocinadores e a todos aqueles que colaboraram para que esta tivesse sido mais uma noite de sucesso, não só através do patrocínio, mas também na dinamização e divulgação deste evento.

O músico Ivo Guedes esteve mais uma vez presente neste evento por ter uma grande ligação ao Fado na Alemanha e foi convidado para estar presente com o seu grupo de Fado, o grupo Gerações, bem como para acompanhar a fadista vinda de Portugal, Teresa Tapadas. Este músico português cresceu num ambiente de Fado, da parte da sua mãe, do qual nunca gostou, até à altura em que foi convidado pelo Senhor Siro da Silva para formar o grupo de Fado Gerações. Para além deste grupo, Ivo Guedes também faz parte do grupo Sina Nossa, grupo para o qual já compôs um Fado que faz parte do último CD deste grupo e que se chama “Alforria”, sendo o nome da música “Amor perdido”, cuja letra foi escrita pela vocalista Anabela Ribeiro. Ivo Guedes tem várias ideias para outros Fados e considera ter pouco a ver com literatura ou escrita, tendo afirmado que “não é a minha maneira de me explicar. Penso que me sei explicar melhor com uma guitarra ao peito”. Quando toca Fado esquece tudo à sua volta, o que é “normal para quem toca música” e sente que lhe faz bem, “está dentro de mim, faz parte de mim e reconheço-o como algo que tenha a ver comigo. Eu sinto que é meu, que encaixa comigo”. Antes de terminar, Ivo Guedes confessou que prefere o Fado de Lisboa, reconhecendo as grandes diferenças existentes entre estes tipo de Fado e o de Coimbra, considerando este último muito interessante. O Fado de Lisboa, na sua opinião, é o que lhe diz mais “tem mais vida, é mais alegre, e, apesar de também ter muitos temas tristes, tem muita energia”.

Germano Vilabril, gestor de uma empresa e professor de português para estrangeiros, filho de emigrantes portugueses, afirmou que já esteve várias vezes na Kulturwerkstatt na Noite de Fado, que considerou “um dos momentos especiais de Paderborn” que não só permitem ouvir cantar o Fado, mas também servem para ver, rever e conhecer outros portugueses. Confessou ainda que aprendeu a gostar de fado através deste evento. Foi assim que começou a adquirir CDs de Fado e deu a conhecer a nossa música aos alemães, que ao ouvirem a nossa música reagiram muito positivamente, reação que confessou, não esperava. Este ano por exemplo, tal como aconteceu no ano transato, divulgou este evento o que fez com que cerca de 30 cidadãos alemães tivessem vindo ouvir cantar o Fado. Ainda realçou o facto de mais de metade do público presente serem alemães, incluindo um diretor de uma Universidade, considerando que este evento é para os alemães uma noite especial afirmando que “não é apenas uma noite portuguesa, mas também uma noite de integração dos emigrantes, para poderem ter contacto e poderem comer coisas típicas de Portugal. Simplesmente gostam desta atmosfera”.

Um fotógrafo alemão presente e que fez a cobertura deste evento, nunca tinha ouvido cantar o Fado e gostou tanto desta Noite de Fado que sem quaisquer dúvidas voltará no próximo ano para o ouvir cantar de novo e sem quaisquer dúvidas procuraria uma casa de Fado se estivesse em Portugal para poder desfrutar mais da língua e cultura portuguesas.

Já Sandra Tanganho, portuguesa, residente na Alemanha há 22 anos e membro dos Lusitanos de Paderborn e.V. há cerca de 20 anos, afirmou com muito orgulho que também os filhos “já vão atrás” de toda esta dinâmica. Referiu ainda que, nos últimos anos, grande parte dos presentes neste evento são alemães que vêm ouvir cantar o fado “porque gostam do ambiente, gostam da comida e apesar de não perceberem a música em si, gostam do som das guitarras”. Sandra Tanganho revelou que para que esta noite possa ter aquele gosto e sabor a Portugal, estes voluntários fazem desde as compras até à confeção da comida, começando logo a seguir ao almoço para que todos os presentes possam contactar com a gastronomia portuguesa. Assim, houve caldo verde, bifanas, rissóis, pastéis de bacalhau, pataniscas de bacalhau, entre outros e, no que concerne os doces, apenas os pastéis de nata foram de compra, os restantes bolos, entre os quais os bolos de ananás, bolo de cenoura e queijadas foram igualmente feitos pelos membros dos Lusitanos de Paderborn.

João Pedroso, um jovem lusodescendente de 20 anos, revelou que gosta mais de uns fados do que outros e praticamente assiste a estas Noites de Fado desde o início. Assim, considera que o facto de os jovens gostarem ou não de Fado depende da forma como os pais os educaram, uma vez que no fundo se foram habituados ou não ao fado faz com que o compreendam melhor.

Os preparativos para 22 de novembro de 2014 já estão a decorrer para aquela que promete ser mais uma noite de Fado com sucesso garantido e sala cheia na Kulturwerkstatt em Paderborn. Para poder acompanhar a atividade dos Lusitanos de Paderborn e.V. consulte o site em http://www.lusitanos-paderborn.de/

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